terça-feira, 27 de agosto de 2013

Energia de sobra, encrencas à vista

Lotados de cafeína, os energéticos não são inócuos como parecem. Em excesso, eles abalam o coração, provocam gastrite e danificam os dentes.


Como o desejo de que o dia tenha bem mais de 24 horas não passará disso, ou seja, de um desejo, as pessoas vivem procurando maneiras de fazer o tempo disponível render. Uma delas é mandar energéticos goela abaixo para ficar a mil. O indício de que se trata de um comportamento cada vez mais corriqueiro vem do Serviço de Administração em Abuso de Substâncias e Saúde Mental, nos Estados Unidos. Em um documento recente, o órgão revela que, entre 2007 e 2011, aumentou em 279% o número de indivíduos acima de 40 anos visitando o pronto-socorro após a ingestão da bebida. Prova de que não são apenas os jovens baladeiros que se entopem de latinhas.

Outro dado intrigante: em 2011, quase 60% desses atendimentos emergenciais estavam associados somente ao uso dos energéticos — isto é, não havia álcool ou drogas na jogada. A situação americana está longe de surpreender especialistas brasileiros. Afinal, essa parece ser uma realidade também por aqui. "Devido à rotina atribulada, muita gente já acorda cansada", nota o cardiologista Daniel Pellegrino dos Santos, do Hospital do Coração, na capital paulista.

Daí, às vezes só com a ajuda da bendita cafeína, principal composto das bebidas estimulantes, para aguentar o tranco. Só que existe um limite para seu consumo. "Adultos, por exemplo, podem ingerir no máximo 2,5 miligramas de cafeína por quilo de peso", informa Santos. Isso significa que uma mulher de 60 quilos precisaria parar nos 150 miligramas. "Acontece que, nos energéticos, a quantidade de cafeína varia de 80 até 500 miligramas", avisa a cardiologista Luciana Janot Matos, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

E o excesso cobra seu preço. Quem paga mais caro, geralmente, é o coração. "A cafeína instiga o sistema nervoso simpático a liberar hormônios estimulantes, como adrenalina e noradrenalina", explica a médica. Algo preocupante, pois essa dupla propicia o aumento da frequência cardíaca e o estreitamento dos vasos sanguíneos, fazendo a pressão decolar. Em sujeitos com problemas prévios nas artérias — muitas vezes silenciosos —, o efeito eventualmente serve como estopim para um infarto ou derrame.

Esses hormônios excitantes ainda são capazes de fazer o coração bater em ritmo pra lá de apressado, quadro conhecido como arritmia. "Quando há um histórico de doença cardíaca, a aceleração pode ser fatal", avisa Daniel Daher, presidente do Grupo de Estudos em Cardiologia do Esporte da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

O fato de seu coração estar aparentemente livre de enroscos não serve de argumento para abusar das latinhas. Especialmente para quem já atingiu os 40 anos de idade. "Com o passar do tempo, sobe a probabilidade de a pessoa ter sido exposta a fatores de risco como pressão alta, obesidade, tabagismo, dieta inadequada, entre outros", lembra Daher. Os energéticos seriam, então, um ingrediente extra na equação bombástica. Fora que uma parcela daqueles que à primeira vista esbanjam saúde — são magros, comem direito e fazem exercícios — possuem um risco aumentado de males cardíacos por causa da herença genética. Mais um motivo para espiar o rótulo e evitar se entupir de cafeína.

A recomendação vale por outras razões, como barrar a gastrite. Isso porque tanto a cafeína como os hormônios excitantes despejados na corrente sanguínea contribuem para a maior produção de ácidos que irritam a mucosa do estômago, o que explica a sensação de queimação. O estado de agitação ainda favorece a ocorrência de tremores involuntários pelo corpo todo, inclusive nas pálpebras. Para piorar, no dia seguinte a tendência é sentir uma espécie de ressaca, com sonolência e tudo mais. "Aí, crescem as chances de lançar mão da bebida novamente", raciocina o cardiologista Rui Póvoa, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Se as consequências da falta de comedimento já são temerosas nos adultos, imagine em crianças e adolescentes. "Eles são mais suscetíveis aos efeitos da cafeína. Sem contar que seu sistema cardiovascular está em formação", enfatiza a cardiologista Grace Bichara, do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo. As preocupações vão além: é comum que os energéticos sejam misturados a bebidas alcoólicas. Segundo levantamento do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Unifesp, dos mais de 50 mil jovens entrevistados em 2010, pelo menos 60,5% relataram já ter consumido alguma bebida alcoólica, sendo que 15,4% adicionaram o energético ao copo. "O perigo é que a mistura potencializa o efeito estimulante do álcool, motivando sua procura em outras ocasiões", alerta Sionaldo Ferreira, professor de educação física da instituição. Levantamentos também apontam que a coordenação motora e o tempo de reação são afetados, abrindo brecha para acidentes.

A cafeína não está sozinha
Embora a maioria das chateações decorrentes dos energéticos esteja relacionada à presença dessa substância, há prejuízos que se manifestam graças a outras características do líquido. Sua acidez é um exemplo, como registra um estudo da Universidade do Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Nele, dentes bovinos, cuja composição é semelhante à dos nossos, foram imersos no líquido durante 15 minutos, quatro vezes ao dia, por cinco dias.


O resultado não foi nada positivo. "A bebida removeu o cálcio dos dentes e tornou a superfície do esmalte porosa", atesta Lídia Morales Justino, professora de odontologia e orientadora da pesquisa. "Isso cria condições para a deposição de corantes ali, culminando em mudança de cor", completa. Colocando tudo na balança — do coração ameaçado aos dentes manchados —, você há de convir que uma boa noite de sono ainda é a melhor pedida para repor as energias. Energético? Só de vez em quando e com moderação.

Sempre alerta: consumir a dose adequada de cafeína é um desafio, visto que ela está em vários itens 

Energético -  1 lata - 80 mg a 500 mg
Café espresso - 1 xícara de 60 ml -  60 mg
Guaraná em pó - 1 grama - 44 mg
Chá-preto - 1 xícara de 150 ml -  35 mg
Refrigerante de cola - 1 lata - 31 mg
Chocolate amargo - 1 barra de 170 g - 31 mg
Chocolate ao leite - 1 barra de 170 g - 10 mg


Gás natural
Falta disposição para trabalhar ou assistir às aulas da faculdade? Antes de recorrer aos energéticos para encontrar o vigor perdido, que tal se questionar a quantas andam seu sono, sua dieta e a frequência na academia? É que os três fatores, quando levados a sério, fornecem a energia necessária para você aguentar o corre-corre. "Parece simples, mas a maioria das pessoas não dorme pelo menos oito horas diárias, tem uma alimentação desequilibrada ou não faz exercícios pelo menos quatro vezes por semana", lamenta o cardiologista Daniel Daher, da SBC.


Os efeitos do excesso de energéticos pelo corpo
A mistura de cafeína, taurina, guaraná e ginseng — ingredientes encontrados nessas bebidas — é capaz de causar uma série de desajustes. Conheça os principais:


 

Erosão dentária

O pH baixo dos energéticos fomenta um desequilíbrio bucal. Assim, o cálcio sai dos dentes, alterando a superfície do esmalte.

 

Contrações musculares

A descarga de adrenalina e noradrenalina no organismo pode desencadear contrações involuntárias nos músculos.

 

Fasciculação

Os níveis elevados de hormônios estimulantes correndo pela circulação fazem as pálpebras tremerem.

 

Infarto e AVC

As substâncias que conferem excitação também geram endurecimento das artérias. No cérebro, o aperto pode levar a um derrame. No coração, a um ataque cardíaco.

 

Gastrite

Os hormônios liberados por causa da cafeína da bebida favorecem a produção de ácidos no estômago. Isso explica a possibilidade de queimação.

Fonte: Revista saude - editora abril

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Gripe: causa, tratamento e como evitar

Sintomas - Febre alta, tosse, secreção nasal, dor de garganta, dor de cabeça e pelo corpo, cansaço físico.

                                                   
O que é - É um problema respiratório causado pelo vírus influenza. Ao contrário do que muita gente pensa, não tem nada a ver com o resfriado, cujos sintomas são mais leves. O influenza consegue se apoderar de células das vias aéreas e, para conter essa invasão, o sistema imune recruta anticorpos e dispara uma baita reação inflamatória. No final das contas, não é apenas o aparelho respiratório que sente o ataque — o corpo inteiro padece de dores e daquela sensação de moleza. O impacto da agressão varia de acordo com as condições do hospedeiro — não por menos, a gripe costuma ser mais nefasta para os bebês e para quem já passou dos 70 anos.

Tratamento - São adotados remédios que atenuam os sintomas, como os antitérmicos, os analgésicos e os descongestionantes nasais. Depois de avaliar o caso, o médico pode receitar apenas repouso ou recorrer também a antivirais, cuja função é justamente exterminar o influenza. Casos mais graves exigem internação para evitar complicações como pneumonias.

Prevenção - Lavar sempre muito bem as mão, evitar o contato com pessoas com sintomas da gripe e, se possível, não frequentar locais apinhados de gente, como creches, estações de trem e aeroportos - todas essas ações contribuem para frear o contágio. Uma medida excelente, recomendada sobretudo a crianças pequenas e idosos, é tomar a vacina. Ela ensina o sistema imune a criar um pelotão atento, capaz de desmobilizar o ataque do influenza.

 Fonte: Revista saude, editora abril

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O que a falta de ar pode esconder

Uma série de problemas — alguns deles graves e nem sempre ligados ao aparelho respiratório — é capaz de sabotar o fôlego nosso de cada dia. Saiba em que situações é preciso ficar esperto.

Oxigênio é uma daquelas coisas às quais a gente só dá valor quando sente falta. E, embora isso possa ocorrer ao subirmos alguns lances de escada ou praticarmos esporte, convém ter em mente, sobretudo com a chegada do inverno, que uma porção de doenças atinge direta ou indiretamente a capacidade de respirar. É propício fazer esse aviso quando a temperatura cai por diversas razões, que afetam tanto pessoas saudáveis como quem já tem um distúrbio no sistema respiratório, caso de asma, rinite ou bronquite. "No frio, costumamos ficar mais em ambientes fechados, que favorecem a contaminação por micróbios, e o ar gelado e seco agride as vias aéreas, facilitando a ação de bactérias e vírus", explica o médico Jairo Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Não é à toa que, antes de a estação dos termômetros baixos começar, são realizadas campanhas de vacinação contra gripe e pneumonia, bem como alertas para o controle da asma. No Brasil, a infecção pelo vírus influenza H1N1, por exemplo, esteve por trás de 2 614 internações no ano passado, sendo que 351 casos terminaram em morte. O cenário para os asmáticos, então, é de perder o fôlego. Com base em levantamentos dos últimos anos, a SBPT estima que a asma mate seis pessoas por dia no país. "Isso reflete o fato de que mais de 90% dos indivíduos com o problema não seguem rigorosamente as orientações do médico", justifica Araújo. Como as crises são mais frequentes em período de frio e ar seco, esse é o momento para não hesitar em adotar o tratamento a fim de prevenir falta de ar e outras complicações.

Apesar de entrarmos na temporada mais perigosa para o aparelho respiratório, é nosso dever informar que o sufoco para obter oxigênio pode estar relacionado a falhas em outros cantos. "Diagnosticar a origem da falta de ar deve ser uma preocupação constante nos hospitais, até porque alguns casos refletem doenças graves. Embora as causas mais comuns sejam problemas pulmonares, ela pode ser sintoma de males cardíacos e refluxo", diz o cardiologista João Fernando Ferreira, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a Socesp. É claro que, se você é sedentário e quer apostar uma corrida, vai sofrer as consequências ao peito. Mas, se o fôlego for desaparecendo sem motivo, é preciso correr, só que para o médico. Rastreamos, a seguir, 12 problemas que, em comum, acarretam boicotes ao entra e sai de ar.

Infecções respiratórias 
Quando a gripe nos pega, a falta de ar pode aparecer junto a outros sintomas nada agradáveis: febre, tosse, secreção nasal, cansaço, dor de cabeça... O vírus influenza invade o corpo e se instala nas vias aéreas, provocando uma reação inflamatória. O aumento de muco na região e a diminuição do calibre de brônquios e bronquíolos — tubos que levam o ar para as profundezas dos pulmões — respondem pela baixa no fôlego. "Por isso, ao primeiro sinal da gripe, procure atendimento médico", aconselha o pneumologista André Albuquerque, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Para preveni-la, recomenda-se tomar a vacina e lavar as mãos constantemente. Se a gripe é mal tratada, assim como outras infecções respiratórias, podem se abrir as portas à pneumonia, geralmente deflagrada por bactérias que chegam aos pulmões. Ela é uma das principais causas de internação no país e, muitas vezes, difícil de ser controlada. Diante de falta de ar e incômodos no peito, o pronto-socorro é bem-vindo.

Bronquite crônica 
A inflamação dos brônquios costuma ser causada por reações alérgicas a poeira, ácaros ou fungos. Ao entrarem em contato com eles, as estruturas pulmonares ficam mais contraídas e emperram o trânsito de oxigênio. Além disso, há um aumento na secreção de muco, que pode entupir a passagem de ar pelos brônquios. Bronquites tendem a acompanhar o indivíduo ao longo da vida e as crises são mais frequentes na infância e na adolescência. Além da falta de ar, geram tosse, expectoração, dor e chiado no peito. "Em tempos de frio e baixa umidade, é importante hidratar as vias respiratórias com inalação e soro fisiológico", sugere Albuquerque. Para os períodos críticos, os especialistas receitam anti-inflamatórios, broncodilatadores e, caso bactérias se aproveitem da confusão nos pulmões, antibióticos.

Asma 
Segundo cálculos da SBPT, cerca de 20 milhões de brasileiros teriam o problema, também marcado por inflamação nos brônquios e presença de muco ali. O chiado no peito, um de seus sinais, significa que o ar está percorrendo um tubo estreito demais. Se esse caminho se fecha, vem a falta de ar. "Temperaturas baixas,  clima seco, infecções e contato com ácaro e pelos de animais são os gatilhos das crises", alerta a pneumologista Marcia Pizzichini, coordenadora da Comissão de Asma da SBPT. O segredo para o fôlego não deixar o asmático na mão nem impor hospitalizações — foram 174 500 no Brasil em 2011 — é seguir à risca o tratamento, que prevê anti-inflamatórios inaláveis diariamente. "São remédios seguros e que permitem ao indivíduo ter uma vida normal", garante Marcia.

DPOC 
A doença pulmonar obstrutiva crônica reúne duas encrencas derivadas da inalação de fumaça: a já citada bronquite e o enfisema pulmonar, que é a morte dos alvéolos, encarregados das trocas gasosas. "Noventa por cento dos casos estão associados ao tabagismo, sendo que, em média, demoram 20 anos para o problema aparecer", diz o pneumologista Oliver Nascimento, vice-presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia. A grande questão que cerca a DPOC é o fato de o fumante pensar que tosse, pigarro e falta de ar são aspectos inerentes ao vício. Quanto mais tarde é feito o diagnóstico, menor a chance de minimizar a situação — já que não dá para reverter totalmente os estragos. "O principal tratamento é parar de fumar, seguido de condutas como vacinação e atividades físicas. Também entramos com medicamentos que dilatam os brônquios", explica Nascimento. Prevenir a DPOC não tem mistério: fuja do cigarro, inclusive se for só nos finais de semana, e dos fumantes.

Câncer de pulmão 
Eis outro mal estreitamente ligado ao tabaco — oito em cada dez pessoas com a doença fumaram ou tinham contato assíduo com a fumaceira. "Ele é o terceiro tipo mais comum de câncer e um dos mais agressivos, daí sua alta mortalidade", diz o oncologista Jefferson Luiz Gross, diretor do Núcleo de Pulmão e Tórax do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo. Ainda se suspeita que outros agentes, como poluentes, elevem seu risco. Não é fácil diagnosticá-lo precocemente porque seus indícios, caso da tosse e da falta de ar, são encarados como manifestações comuns ao ato de fumar. Assim, o indivíduo só procura ajuda quando vive sem fôlego ou expele sangue nas tossidas. "De uns anos pra cá, estudos sugerem a realização anual de tomografias do tórax a toda pessoa acima de 50 anos que fuma ou já fumou", conta Gross. É um jeito de identificar cedo o tumor para derrotá-lo.

Hipertensão pulmonar 
Essa é uma doença rara, que compromete muito a qualidade e a expectativa de vida. Ela nada tem a ver com a pressão alta sistêmica. Aqui, o aperto acontece só nos vasos pulmonares. Problemas cardíacos, respiratórios e infecções podem estar por trás dele, e uma de suas principais versões, a hipertensão arterial pulmonar (HAP), não costuma ter causa definida. "O aumento da pressão nas artérias dos pulmões sobrecarrega o coração. Com o tempo, o órgão se cansa e o paciente pode desenvolver insuficiência cardíaca", explica o pneumologista Daniel Waetge, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Por isso que o ecocardiograma é uma das formas de rastrear a doença. A HAP rende falta de ar, cansaço, palpitações, inchaços nos pés ou na barriga e até lábios roxos. Bem limitante, se o tratamento demora, pode cobrar uma vida curta ligada a um aparelho de oxigênio. "A terapia dispõe de algumas classes de remédios, mas ainda não temos todas elas no Brasil", diz Waetge.

Rinite 
Se você nunca passou por isso, acredite: uma das piores sensações do mundo é não conseguir respirar e dormir por causa de um nariz entupido. A famigerada rinite é bem mais popular entre indivíduos alérgicos, mas pode pintar também em função de gripes e resfriados. Além de tampar as narinas, costuma desatar coriza e coceira na região — daí a imagem do nariz todo vermelho. "Ocorre uma inflamação no tecido que reveste lá dentro, acompanhada de um aumento no volume de sangue, o que dificulta ou corta a passagem do ar", explica o otorrinolaringologista Reginaldo Fujita, da Universidade Federal de São Paulo. Para escapar dela, lave o nariz com soro fisiológico diariamente e tome cuidado com mudanças bruscas de temperatura. "E nunca use sem orientação médica soluções nasais com vasoconstritores, porque elas podem provocar aumento da pressão e arritmia", avisa Fujita.

Transtornos psiquiátricos 
Desordens como síndrome do pânico, ansiedade e claustrofobia costumam travar a entrada e a saída de ar do organismo. "Isso está relacionado a uma reação de defesa natural. Uma descarga de neurotransmissores faz o coração bombear mais sangue, preparando o corpo para as duas decisões cabíveis num momento de perigo: fugir ou lutar", diz o psiquiatra Sérgio Tamai, da Associação Brasileira de Psiquiatria. A consciência de uma situação ameaçadora estimula algumas regiões do cérebro, como a amígdala, que faz as escolhas, e o sistema nervoso autônomo, responsável por ações automáticas, como a respiração. Por isso, além de propiciar falta de ar, é comum que haja o aumento da pressão arterial, taquicardia e excesso de transpiração, assim como vontade de urinar ou evacuar. "Em alguns quadros psiquiátricos, a amígdala está descalibrada e pequenos estímulos já são capazes de gerar reações mais intensas", conta Tamai. Para controlar tais distúrbios, que costumam impactar no comportamento, os médicos prescrevem antidepressivos e ansiolíticos, além de sugerir psicoterapia e até mesmo meditação.

Panes no coração 
A insuficiência cardíaca é a segunda causa mais comum de falta de ar — só fica atrás dos problemas respiratórios em si. Ela se caracteriza pela incapacidade de o órgão bombear sangue para o resto do corpo. Com o tempo, o músculo cardíaco fica flácido e uma parte do líquido vermelho acaba represada lá nos pulmões. "Os brônquios e bronquíolos ficam úmidos e isso dificulta a troca de gases, o que leva a uma dificuldade de difundir oxigênio no sangue e retirar gás carbônico", explica o cardiologista João Fernando Ferreira, da Socesp. Como os problemas no coração são os maiores causadores de mortes no mundo todo, o conselho é fazer o checkup anual e ficar atento a manifestações que podem aparecer junto com a falta de ar, como pressão alta, palpitação e dor no peito. "A primeira coisa a fazer é detectar e tratar a disfunção que está causando os sintomas. O problema pode estar nas válvulas, nos vasos ou no próprio músculo cardíaco", orienta Ferreira.

Excesso de peso  
Para quem ainda resiste em tachar a obesidade de doença, leia esta: pesquisas mostram que ela acaba com o fôlego por motivos bem fisiológicos. "A barriga espreme os pulmões, limitando sua capacidade de trabalho", diz Marcia Pizzichini, professora da Universidade Federal de Santa Catarina. Pior: há indícios de que o tecido gorduroso que fica no ventre fabrica substâncias inflamatórias capazes de agravar problemas respiratórios, como a asma. Sem falar que quilos a mais baixam a imunidade, colaborando, sem querer, para infecções. A mensagem é curta: busque emagrecer ou se manter no peso ideal.

Refluxo gastroesofágico 
Ele é motivado pela volta constante de comida do estômago para o esôfago e seus 
principais sintomas são regurgitação, queimação e uma forte dor no peito — muitas vezes, esse incômodo é confundido até com infarto, dada a sua intensidade. A falta de ar, bem como pigarro, rouquidão e tosse, são algumas das manifestações mais atípicas do refluxo. "O retorno da massa alimentar irrita as paredes do esôfago. Um dos reflexos disso são espasmos involuntários nos pulmões, capazes de tirar o fôlego", conta o gastroenterologista Ary Nasi, do Fleury Medicina e Saúde. Em crianças e idosos, o conteúdo regurgitado pode até vazar para a dupla de órgãos que capitaneiam o sistema respiratório. "E isso, por sua vez, atrapalha o trabalho dos brônquios", complementa Nasi, que também é membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia. O tratamento do refluxo atua em três frentes: diagnóstico adequado, por meio de endoscopias, mudanças alimentares, como o menor consumo de comidas gordurosas, e medicamentos. Se todas as etapas forem cumpridas, é bem provável que o refluxo — e a falta de ar — desapareça.


Problemas no diafragma 
Um dos principais responsáveis pela respiração, o músculo que faz a divisão do peito e do abdômen também pode ficar com defeitos, embora isso seja bem raro. Na chamada eventração, o diafragma invade o tórax e deixa de realizar sua função, cortando o fôlego. Tumores, hérnias, lesões nos nervos e rupturas do tecido muscular também repercutem no diafragma, pressionando os pulmões. Por serem situações não tão frequentes, quando alguém chega ao hospital com falta de ar, os médicos investigam primeiro as causas mais habituais, como doenças respiratórias e cardíacas. "Descartados os principais 
suspeitos, começamos a investigar esses outros motivos", esclarece Nasi.


Fonte: Revista saúde, editora abril