terça-feira, 29 de julho de 2014

Conheça as diferenças entre as principais inflamações que ocorrem na garganta e saiba o que fazer se a dor chegar

Faringite

O que é: inflamação na faringe - parede localizada no final da boca. Normalmente é provocada por vírus e pode evoluir para uma amigdalite bacteriana. Sinusite e refluxo são outros culpados pela inflamação.
Sintomas: dor para engolir, falar e bocejar, e mal-estar; vermelhidão na parede no fundo da boca e furinhos vermelhos chamados aftas. Quando é infecção bacteriana, há também formação de placas de pus.
Tratamento: com analgésico e antitérmico (dipirona ou paracetamol). Se não houver melhora após um dia tomando o medicamento, procure um médico, pois a infecção pode ser bacteriana e você precisará de antibiótico.

Amigdalite

O que é: inflamação nas amígdalas - tecidos arredondados que ficam um de cada lado na parede lateral da garganta; o mais comum é acontecer uma infecção viral, mas infecções por bactéria também são frequentes.

Sintomas: dor intensa, principalmente para engolir, febre, mal-estar e indisposição. Se as amígdalas estiverem inchadas e a região bem vermelha, a infecção é viral, e pequenas feridas vermelhas podem aparecer. Quando houver placas de pus, uma bactéria foi a causadora da infecção.
Tratamento: se parecer viral, siga as mesmas indicações dadas para faringite. Mas se você enxergar pus, procure o médico imediatamente.

Laringite

O que é: pode ser confundida com faringite, mas a infecção acontece na laringe e frequentemente é provocada por vírus. A laringe fica mais abaixo no pescoço, na região do pomo de Adão, onde a voz é produzida - não é possível vê-la sem ajuda de aparelhos médicos.

Sintomas: primeiro, aparece dor local na região da laringe. Em seguida, vem a rouquidão e, por último, surge uma tosse seca e irritativa.
Tratamento: siga o mesmo indicado para faringite. E caso a rouquidão dure por mais de uma semana, vá o médico - ainda mais se você beber e fumar muito. Esse ato pode diagnosticar ou prevenir câncer na laringe!

Diga ah!

Abra a boca e veja onde dói. Se consegue enxergar a região, é mesmo uma dor de garganta

Tire suas dúvidas sobre as inflamações
 
Há prevenção para a dor de garganta?
Sim. "O principal é não respirar pela boca, o que resseca a mucosa e facilita o alojamento de bactérias", diz o otorrinolaringologista Fernando Pochini. Além disso, coma bem e evite entrar em contato com fatores que desencadeiem reações alérgicas em você.

O que é irritação na garganta?
É uma inflamação, normalmente causada por refluxo, nariz entupido ou poeira que entrou na garganta. Os sintomas são coceira, secura e sensação de que algo arranha. Para não virar infecção, desobstrua o nariz, lave-o com soro fisiológico e beba bastante água.

Qual a duração de cada caso infeccioso?
Quando é viral, permanece entre três e quatro dias. Já a infecção bacteriana dura mais - e é o uso de antibiótico que diminui o ciclo.

Posso usar pastilhas?
A maioria das pastilhas tem anestésico na fórmula, o que ameniza a dor. Entretanto, "ela não mata o vírus ou a bactéria. Portanto, o melhor é tratar com medicamentos", explica o otorrinolaringologista Ronaldo Frizzarini.

Quando é preciso retirar as amígdalas?
Quando se tem de cinco a sete infecções bacterianas em um ano. Outro motivo acontece quando o pus formado na amigdalite fica represado na amígdala, permitindo que as bactérias se desenvolvam. "Vale lembrar que quem retira amígdala não está livre de ter faringite", diz Ronaldo Frizzarini.  

Mitos e verdades sobre a dor de garganta

 Ela pode evoluir para conjuntivite?
Verdade. Os micro-organismos que atacam a faringe não têm preconceito: eles afetam qualquer mucosa, inclusive a dos olhos. Por isso, quando estiver doente, não ponha as mãos na boca e, depois, perto das pálpebras.

Tomar sorvete causa dor?
Mito. No máximo, alimentos e bebidas geladas constringem os vasos, dificultando a chegada de células de defesa. Isso, todavia, não gera irritação por si só.

Beber água ajuda a prevenir e a tratar o desconforto?
Verdade. O tal muco é composto de 95% de H20. Na falta de líquido, essa barreira natural se torna espessa e, portanto, menos eficaz. Está aí outro argumento para não ficar com sede.

Gargarejo com água morna, sal e vinagre combate os micro-organismos?
Mito. Misturas como essa alteram o pH da garganta. Como é sensível à acidez, ela pode até se irritar com o enxágue, o que só serve para piorar a infecção.

Sair de um ambiente quente para outro frio e seco sem se agasalhar gera mais dor?
Verdade. Essa troca resseca o muco protetor. Desidratado, ele não intercepta as partículas nocivas, que passam a agredir o local. Um casaco atenua a mudança brusca de clima.

Dor de garganta não é contagiosa?
Mito. Como geralmente decorre de vírus ou bactéris, que transitam de uma pessoa a outra pelo ar ou por um aperto de mãos, ela pode passar, sim.

Receitas caseiras para se livrar da dor de garganta

Maçã com mel
Quem está com a garganta inflamada deve evitar consumir líquidos gelados ou muito quentes, pois as temperaturas extremas causam irritação instantânea e pioram o incômodo. Para aliviar a dor, fatie uma maçã, cubra com mel e deixe descansando por três minutos. A fruta reduz a inflamação local enquanto o mel tem ação lubrificante e calmante. Coma cerca de duas unidades por dia.
Gengibre
Trata gripe, dor de garganta e má digestão. Ajuda a aliviar amigdalite, gripes, resfriados, gases, cólicas e dores musculares. Deve ser preparado como chá por infusão. Beba de manhã, à tarde e à noite Atenção: não é indicado para mulheres com menos de três meses de gravidez.

Limão
Faça gargarejo várias vezes ao dia com água morna, suco de limão e uma pitada de sal.


Fonte: Revista saúde

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Chikungunya: conheça esse vírus e saiba por que ele é uma ameaça

Ele já causou estragos na África, na Ásia e na América Central. Recentemente, foram confirmados seis casos em São Paulo. Entenda por que você deve ficar alerta.

 O que é Chikungunya?

Trata-se de um vírus transmitido por dois mosquitos: o Aedes aegypt (transmissor da dengue) e o Aedes albopictus, espécie existente no Brasil, mas que, ao contrário do seu primo, prefere viver nas áreas de floresta. O Chikungunya foi identificado na década de 1950, na África, porém nos últimos anos vem se espalhando para outros continentes, como Ásia, Europa e, mais recentemente, Américas do norte e central.

Por que ele preocupa
No dia 9 de junho de 2014, a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo identificou seis casos importados de infecção pelo Chikungunya. Os pacientes são soldados do exército brasileiro que retornaram do Haiti no dia 5 do mesmo mês. O episódio serviu de alerta para autoridades em saúde pública, já que existe a probabilidade de o vírus se espalhar por aqui. "Como temos um fluxo considerável de pessoas vindo para o Brasil, o risco de uma epidemia é maior", analisa a infectologista Cristiane Lamas, diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia. Para complicar, temos um número considerável de mosquitos que podem transmitir o vírus.
Além de tudo isso, o histórico do mosquito é alarmante. Em todos os lugares por onde o Chikungunya passou, ele infectou um número muito grande de pessoas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2005, o sudeste asiático registrou quase 2 milhões de casos de infecção pelo vírus. Na Europa, os primeiros registros de transmissão desse agente infeccioso ocorreram em 2007 e, desde então, foram 197 vítimas confirmadas. Já na América central - região que, atualmente, passa por um surto da doença - 4 576 casos foram confirmados entre 2013 e 2014, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde.

Sintomas e tratamento
Os sintomas são muito semelhantes aos da dengue: febre, dores musculares, náusea e manchas vermelhas pelo corpo. No entanto, o que mais chama a atenção num quadro de Chikungunya são as dores nas articulações, que podem persistir por dias ou semanas a fio. "Não é difícil um indivíduo ser diagnosticado com o vírus num reumatologista", conta Ivo Castelo Branco, coordenador do núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Ceará. Por isso, se tiver febre e permanecer com dores articulares por muito tempo, visite um médico.
Os sinais costumam aparecer entre quatro e oito dias após a picada. E se o mosquito tiver contato com a pessoa doente nos primeiros cinco dias depois do surgimento dos sintomas, ele contrai o vírus e passa a infectar mais gente.
Não existe um tratamento específico para o Chikungunya. Assim como na dengue, a solução é combater a febre e as dores.

Recomendações
A principal medida preventiva contra o Chikungunya é evitar viajar aos locais onde há epidemia. Se não tiver jeito, lance mão de repelentes; use calças e blusas de mangas compridas, que diminuem a área de exposição da pele, e dê preferência a quartos de hotel com aquelas telas que impedem a entrada de mosquitos.

Fonte: Revista saúde

sábado, 12 de julho de 2014

10 perguntas sobre o glúten e 10 respostas sérias da ciência


Ele ganhou os holofotes: famosas cortaram a proteína da dieta, revistas dedicaram grandes matérias ao tema, especialistas lançaram livros condenando o ingrediente. Mas afinal, o que há de verdade em toda essa história de que glúten faria engordar?

1. O que é o glúten?
Ele é uma proteína presente naturalmente em muitos cereais, como o trigo, o centeio, a aveia e a cevada. Ou seja, não é uma invenção da indústria moderna, por exemplo, como foi o caso da gordura trans, só para fazer uma comparação. O glúten confere elasticidade na receita de diversos alimentos, caso típico do pão: ao sovar a massa, o padeiro cria as redes de glúten, estruturas capazes de aprisionar o gás carbônico expelido pelas leveduras do fermento. Assim, o pãozinho cresce e fica macio. "E o pão, você já sabe, é um dos alimentos mais antigos da humanidade, que se multiplicou e evoluiu sem problemas por consumi-lo", lembra o nutrólogo Mauro Fisberg, professor da Universidade Federal de São Paulo.

2. O glúten poderia causar algum problema de saúde?
Cerca de 1% da população mundial possui a doença celíaca. Nesse tipo de alergia, o glúten não é bem aceito pelo intestino. Quando ele chega ao órgão desses pacientes (e só neles), desencadeia uma reação do sistema imunológico, que destaca células de defesa para atacar a região. Nessa briga, acaba sobrando para as vilosidades intestinais, estruturas que são responsáveis por absorver os nutrientes da comida. Com as vilosidades inflamadas, claro que ela não é aproveitada da forma como deveria, bagunçando completamente o trânsito intestinal, para não dizer o estado nutricional daquele indivíduo. "Os sintomas mais comuns são diarreia, dor, distensão abdominal e inchaço", lista o gastroenterologista Alexandre Sakano, do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, na capital paulista. Mas, atenção, porque aqui estamos falando de uma doença específica que atinge uma em cada 100 pessoas. Histórias fantasiosas de que o glúten engorda até atrapalham a vida desses portadores. Imagine um doente celíaco que afirma, no restaurante da empresa, que não pode comer itens com glúten. Na toada das boatarias, esse sujeito é tomado como alguém interessado apenas em emagracer e não como portador de um problema que merece respeito e atenção.

3. Como a doença celíaca é detectada?
O primeiro passo é procurar o médico, diante de sintomas como diarreia constante. Se for criança, o certo é levar ao pediatra. Se for adulto, o clínico-geral. Esses profissionais vão começar a investigação, fazendo a análise clínica do paciente. Se houver suspeita de doença celíaca, vale procurar um gastroenterologista, o especialista no sistema digestivo. Ele vai pedir um exame de sangue, para verificar a presença de anticorpos típicos da doença, e uma biópsia do intestino. Caso o distúrbio seja detectado, aí não tem jeito: é preciso cortar todos os alimentos com glúten da dieta. E o acompanhamento de um nutricionista é importante a fim de evitar desfalques de nutrientes importantes para a saúde.

4. Tem gente que acusa o glúten de estar envolvido com alergia, intolerância, sensibilidade, doença celíaca... A cada hora, usam um termo. Qual é o certo?
Quando se fala em doença celíaca, o uso do termo intolerância é equivocado. "Hoje em dia, intolerância ou sensibilidade ao glúten são palavras utilizadas para pacientes que apresentam mal-estar ao consumir alimentos com glúten e que não são celíacos", explica a nutricionista Mariana Del Bosco, mestre em ciências da saúde pela Universidade de São Paulo. Normalmente, quando um não celíaco se queixa depois de comer alimentos com glúten, como macarrão, cerveja e pão, recebe o diagnóstico de intolerante ao glúten. Diagnóstico, no mínimo, polêmico. “Isso porque não existe um consenso sobre as características desse distúrbio e ninguém pode nem sequer afirmar que ele existe”, completa Mariana. Ou seja: tem gente que se sente estufado depois de comer um macarrão, por exemplo. Ou de devorar um bolo. Mas pode ser que o problema seja causado pelos molhos e recheios gordurosos. Aliás, é bem mais provável.

5. Afinal, existe ou não existe intolerância ao glúten?
O assunto é controverso. Alguns especialistas dizem que sim, mas muitos outros garantem que não. Um estudo recém-publicado da Universidade de Monash, na Austrália, levanta questões sobre a existência da tal intolerância ao glúten. Os cientistas recrutaram 37 voluntários que se diziam sensíveis à proteína do trigo e da aveia. Na primeira semana, todos receberam uma dieta rica em carboidratos de difícil digestão. Na semana seguinte, eles foram divididos em três grupos. O primeiro recebeu uma alimentação cheia de glúten, o segundo, refeições com pouco glúten e o terceiro fez uma dieta com zero da proteína. Detalhe: ninguém sabia em qual das turmas tinha caído. No período da experiência, os participantes das três turmas reportaram piora dos sintomas gastrointestinais - mesmo aqueles que não haviam travado contato com uma mísera molécula de glúten. Os autores desse trabalho sugerem com veemência que um forte efeito psicológico possa estar por trás da tal intolerância tão divulgada por aí. E o mais curioso é que o autor da pesquisa, o gastroenterologista Peter Gibson, havia conduzido uma experiência em 2011 que havia comprovado a existência da tal sensibilidade ao glúten. Mas nem ele, que foi um dos primeiros a levantar essa bola, estava satisfeito com os resultados. Sim, a cabeça também conta muito na hora de sentir a barriga pesar. Principalmente quando todo mundo fica encontrando um réu por aí.

6. Há um aumento do número de casos de doença celíaca, o único motivo real para cortar o glúten? Seria por isso que agora todo mundo parece passar mal com essa proteína ou ficaria imaginando passar mal?
Os médicos entrevistados por SAÚDE não percebem um crescimento dos diagnósticos de celíacos. "A taxa de indivíduos com a doença permanece completamente estável", analisa o pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg, professor da Universidade Federal de São Paulo e do Hospital Infantil Sabará, na capital paulista. "O que aumentou foi a qualidade dos testes e exames que detectam o problema", explica. Mas nem isso, diga-se, fez as taxas subirem...

7. Vale cortar o glúten do cardápio sem consultar um médico?
De jeito nenhum. De acordo com os especialistas, alimentos ricos em glúten, dentro de uma dieta equilibrada, trazem inúmeros benefícios para a saúde. "Eles ajudam a controlar a glicemia e os triglicérides, aumentam da absorção de vitaminas e minerais, melhoram a flora intestinal e deixam o sistema imunológico mais forte", lista o endocrinologista Marcello Bronstein, professor de endocrinologia e metabologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Quem gostaria de perder esse pacote de vantagens? O segredo está no equilíbrio das porções. Retirar o glúten só é indicado quando o médico mandar, isto é, no caso de doença celíaca.

8. Alimentos livres de glúten são mais saudáveis?
Nem sempre - apesar de parecerem, no imaginário das pessoas. Pesquisadores da Universidade de Houston, nos Estados Unidos, mostraram que acrescentar palavrinhas mágicas nos rótulos - "antioxidante", "orgânico" e, claro, diante de tanto bafafá sem base científica, "livre de glúten" - torna o produto mais saudável do que ele realmente é, pelo menos na cabeça do consumidor. "E o fato de um alimento ser livre de glúten não significa que ele seja menos calórico", faz questão de observar Bronstein.

9. O glúten pode estar por trás da obesidade, supeita que andou sendo levantada por aí?
Cortar o glúten da dieta emagrece. Ora, o indivíduo vai deixar de comer as principais fontes de carboidrato de sua dieta, como pão, bolo, doces... Uma ingestão menor de calorias vai resultar em decréscimos na balança. Ou seja, diminuir calorias faz diminuir quilos na balança. E não por retirar o glúten. Você poderia emagrecer do mesmo jeito se retirasse açúcar, gorduras, qualquer outra substância muito presente em... comida que tende a ser mais calórica, claro. "Dietas sem glúten são modismos puros", diz Bronstein. Por outro lado, um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais, realizado no ano passado, dividiu ratinhos em dois grupos: o primeiro recebeu uma dieta rica em glúten, enquanto a segunda turma passou por uma dieta livre da proteína. Ao final da pesquisa, aqueles que não travaram contato com os cereais tiveram uma redução na gordura, inflamação e resistência à insulina. Vale lembrar que a experiência foi pequena e novas investigações serão necessárias para comprovar a tese. E é um dos únicos trabalhos do planeta nessa linha. "A obesidade é uma doença multifatorial. Se ela fosse causada por uma única proteína, como o glúten, resolveríamos o problema facilmente", explica Fisberg. Pena, então, que a missão de emagrecer um mundo cada vez mais rechonchudo parece ser mais complicada.

10. O glúten mudou nas últimas décadas?
Uma das explicações usadas para banir o glúten da dieta diz que a proteína sofreu algumas modificações maléficas a partir da década de 1960. O pai da teoria é o cardiologista americano William Davis, autor do livro “Barriga de Trigo”, que já vendeu mais de 1,8 milhão de exemplares e figura há algum tempo na lista de mais vendidos do jornal New York Times. De acordo com a versão, os cruzamentos de espécies de trigo realizados pelo agrônomo Norman Borlaug (1914 – 2009) causou drásticas - e prejudiciais - alterações na estrutura do glúten. Essas mudanças estariam aumentando os casos de diabete, pressão alta e obesidade. “Porém, não existe a menor evidência científica sobre isso. Nenhum trabalho demonstrou que essa hipótese seja verdadeira”, critica Fisberg. É outra voz isolada no universo da ciência. Mas uma voz que tem conseguido espaço para se fazer ouvida. É válido, dentro de um contexto, conhecendo todos os estudos a respeito.

Fonte: revista saude

terça-feira, 1 de julho de 2014

AmendoimAmendoim ajuda a perder peso, afasta o risco de doenças cardiovasculares e pode até incendiar a libido. Descubra os segredos do petisco.

Seja para acompanhar a cerveja ou no pé de moleque, o amendoim é uma preferência nacional: 75% dos brasileiros costumam comer a leguminosa (sim, ele é um parente do feijão e da soja). Apesar disso, 63% dos entrevistados do Ibope para uma pesquisa encomendada pela Abicab, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados desconhecem as propriedades nutricionais da semente e 12% acreditam que ela é constituída apenas de gordura e colesterol ruim.
 
Embora bastante calórico, o amendoim é um aliado da boa forma. Um de seus principais predicados é promover a sensação de barriga cheia. "Ele precisa ser muito mastigado, o que ativa o centro cerebral que controla nossa saciedade e faz com que a fome demore mais para aparecer", explica a nutricionista Vanderlí Marchiori, de São Paulo. Além disso, é fonte de fibras, que demoram mais tempo para ser digeridas, prolongando esse efeito. 
 

Defensores do amendoim

Para dar um basta definitivo à má fama que ronda o petisco, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo observaram ratos que o consumiam regularmente e chegaram a duas conclusões importantes: mesmo sem restrição de calorias, o amendoim ajudou a controlar o peso dos animais e "até quando o amendoim é bem triturado pelos dentes, nem todas as moléculas de gordura são quebradas", observa a pesquisadora Neuza Maria Brunoro Costa, que liderou a investigação
 
Outro trabalho, dessa vez da Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais, revelou que o amendoim dá uma acelerada de 11% no metabolismo - pelo menos no dos roedores analisados. Em seres humanos, a pesquisadora Sandra Bragança Coelho, autora da investigação, constatou que indivíduos com peso normal deixavam de beliscar a torto e a direito depois de se deliciarem com amendoim. No entanto, esse fenômeno não se repetiu entre os obesos, que devoravam a leguminosa sem excluir itens pró-pneus do cardápio. "O ideal é substituir fontes de gorduras saturadas, como os embutidos, por ela", adverte. Daí, vale o alerta: é preciso ter autocontrole para não fugir da recomendação de 30 gramas diários, o equivalente a uma mão fechada. Do contrário, o auxílio vira sabotagem.
 
Além da mãozinha na hora de emagrecer, o amendoim também é um protetor do coração. Isso porque contém nutrientes fundamentais para diminuir o colesterol LDL, a faceta ruim da molécula, e manter as artérias sempre saudáveis, afastando o risco de doenças cardiovasculares. É o caso dos fitoesteróis, substâncias que competem com o LDL na hora em que ele gruda em células específicas para ser assimilado. "Os fitoesteróis enganam o organismo, tomando o lugar do mau colesterol e favorecendo sua eliminação", esclarece a pesquisadora Neuza Maria Brunoro Costa.
 
Outro defensor do peito encontrado aos montes no amendoim é o resveratrol, aquele corante natural que também dá pinta em uvas e cebolas roxas. Por ser um poderoso antioxidante, ele age impedindo que o colesterol LDL forme placas enrijecidas nas artérias, a gênese da aterosclerose, um entupimento generalizado que abre caminho para a ocorrência de um infarto.
 
Um trunfo pouco estudado desse primo do feijão é a presença da arginina, um aminoácido que, dentro do corpo, se transforma em óxido nítrico. "Ele relaxa as artérias, o que aumenta o fluxo sanguíneo e diminui a pressão arterial", ensina o nutrólogo José Alves Lara Neto, da Associação Brasileira de Nutrologia. E, como toda oleaginosa, o amendoim é fonte de ácidos graxos monoinsaturados, as gorduras do bem - incluindo o ômega-3. "Ele ainda fornece grandes quantidades de potássio, magnésio e vitamina E", elenca Lara. Por falar nesses dois últimos nutrientes, trata-se de uma dupla essencial para deixar o cérebro funcionando nos trinques. Já o potássio é célebre por evitar cãibras e fortalecer os ossos. Tudo isso é, sem dúvida, um prato cheio para a sua saúde.
 

O jeito certo de consumir

Apesar de tão nutritivo, nessa altura já está claro que não pode ser saboreado aos montes. Até porque algumas versões industrializadas, aquelas coloridas e com cascas bonitas, têm sódio a rodo. Essas pitadas a mais do ingrediente fazem o risco de doenças cardiovasculares, como a pressão alta, disparar. É importante também se atentar à quantidade. Para fugir das armadilhas, a nutricionista ensina uma dica: torrá-lo em casa. 
 
Se optar pelo industrializado, procure marcas com o selo da Fundação Pró- Amendoim, que fiscaliza todas as etapas de produção do tira-gosto, atestando sua boa procedência. É que a aflatoxina, uma substância maligna presente em um fungo, pode dar as caras se o amendoim teve problemas na armazenagem ou empacotamento. "Ela então se aloja na casquinha e produz sérios danos ao fígado", adverte Sandra Bragança Coelho. Mas, com cuidado na hora da compra, é possível incluir essa delícia no cardápio numa boa.
 

Atenção à mesa  

Nem todas as formas de consumo do amendoim freiam o ponteiro da balança. Conheça as mais populares e acerte na hora da compra:
 
Torrado: ele preserva todos os nutrientes da leguminosa. 
Paçoca: na versão tradicional, o açúcar vem em excesso. 
In natura: liberado! Sua casca vermelha é nutritiva.
Pé de moleque: o caramelo é uma doce armadilha para a dieta. 
Japonês: o alto teor de sódio é seu ponto fraco.
 

Um verdadeiro afrodisíaco 

A sabedoria popular já dizia e a ciência comprova: o amendoim turbina, sim, a libido. O segredo de seu sucesso está na grande oferta de zinco, nutriente vital para o cérebro. "Quando estamos sob estresse, nossos neurônios gastam mais zinco do que o previsto. Daí, sobra pouco para a produção dos hormônios sexuais, o que derruba o desejo", explica a nutricionista Vanderlí Marchiori. A ajuda vale para ambos os sexos, mas atenção: não adianta comer minutos antes do bem-bom. "Esse efeito só pode ser observado com o consumo frequente da leguminosa", completa ela.
 
Fonte: Revista saude