As
frutas desidratadas desbancam suas versões frescas nos quesitos
praticidade, validade e, o melhor, concentração de nutrientes. Mas será
que elas são só maravilhas?
O
Brasil é o terceiro maior produtor de frutas no mundo. Mesmo com tanta
abundância, apenas 24,1% da população consome os 400 gramas de vegetais
por dia recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Muita
gente culpa a falta de tempo pela escassez de bananas, laranjas e maçãs
na dieta. E até dá pra reconhecer que, na correria, é mais simples
estocar biscoitos na gaveta do escritório. Mas sabe o que também não
amassa, não precisa descascar e dura um tempão? As frutas desidratadas.
Pois é, além de não ficarem devendo nadinha em praticidade, delícias
como a uva e a banana na versão passa são bem-vindas à saúde. "Elas
mantêm os nutrientes e as fibras das frutas frescas", justifica a
nutricionista clínica Luisa Simas, de Curitiba.
Na verdade, em certos aspectos, os tipos secos se mostram até mais
vantajosos. Veja o que ocorre, por exemplo, ao comparar os teores de
fibras, que facilitam o trabalho do intestino e ajudam a baixar o
colesterol: enquanto 100 gramas da ameixa madura possuem 1,4 grama da
substância, a desidratada chega a 3 gramas. É mais que o dobro. A ameixa
seca, aliás, dá show quando é colocada à prova. Pesquisadores do King’s
College London, na Inglaterra, analisaram diversos estudos com o
alimento para entender seus reais efeitos na prisão de ventre.
Concluíram, então, que passar três semanas consumindo 100 gramas da
fruta seca por dia é suficiente para quem tem intestino preguiçoso ir
com mais frequência ao banheiro. A consistência das fezes também
melhora. Nesses pontos, ela bate até o Psyllium, uma fibra já consagrada
no combate à constipação.
Só que esse está longe de ser o único motivo para investir nas frutas de
aparência enrugada. "Diversos estudos mostram uma relação entre esses
alimentos e o aumento de antioxidantes no sangue", conta o químico Joe
Vinson, pesquisador da Universidade de Scranton, nos Estados Unidos.
Aliás, em uma experiência com 20 frutas, o expert viu que em 100 gramas
das versões secas há bem mais desses ingredientes do que na mesma
proporção dos alimentos frescos. Não custa lembrar que os antioxidantes
nos defendem dos temerários radicais livres, moléculas que, em excesso,
patrocinam uma série de encrencas - de doenças cardíacas a câncer.
O outro lado da moeda
Não são apenas fibras, antioxidantes, vitaminas e minerais que ficam
acumulados nas frutas secas. O açúcar também vem aos montes. "Por isso,
elas são bem mais calóricas que as versões frescas", avisa Luisa.
Enquanto uma maçã exibe 64 calorias, uma xícara dela desidratada chega a
104. Na pera, a história segue a mesma linha: 60 calorias de uma
unidade in natura contra 144 de uma xícara da fruta seca. Para piorar,
tamanha praticidade nos deixa tentados a comer além da conta. Não caia
nessa armadilha. Segundo nutricionistas, o ideal é limitar o damasco
seco a quatro unidades por dia. A uva-passa não deve exceder as duas
colheres de sopa. E duas bananas desidratadas ou cinco unidades de
ameixa seca já estão de bom tamanho.
Essa recomendação é crucial para os diabéticos, que já não se dão bem
com os picos de glicose no sangue. Pessoas com esteatose hepática,
problema marcado pela presença de gordura no fígado, também precisam
ficar espertos. Isso porque o excesso de açúcar acaba convertido em
depósito gorduroso no órgão. Nesses casos, é bacana misturar a fruta
seca com uma fonte de proteína, como o iogurte natural, ou com
castanhas, redutos de gorduras boas - táticas que atenuam os efeitos do
açúcar. "Aí, a absorção da glicose se torna mais lenta", esclarece
Luisa. "O diabético pode comer até meia xícara de fruta seca
diariamente, desde que controle a glicemia", completa a nutricionista
Lara Natacci, de São Paulo. Como você pode perceber, murchamos qualquer
desculpa para não botar as frutas na rotina.
Frescas versus secas
As desidratadas pecam pelo açúcar, mas vencem em outros nutrientes
Banana
Fresca, ela já é campeã em potássio: 100 gramas carregam 358 miligramas
do mineral. A mesma quantidade da banana-passa, no entanto, contém quase
1 500 miligramas da substância.
Ameixa
É aliada de quem tem intestino travado, por causa do elevado teor de
fibras. Sua versão seca é duas vezes mais turbinada nesse quesito.
Damasco
É o menos calórico depois de desidratado: 100 gramas somam apenas 85
calorias. A mesma porção tem 60% mais potássio do que a fruta fresca.
Uva
Uma porção da passa concentra cinco vezes mais cálcio do que a mesma quantidade da fresca – e quase quatro vezes mais fibra.
Fonte: Revista saúde