Você faz tudo direitinho - come menos, malha mais - e nem assim consegue derrotar a balança? É que a guerra contra os quilos a mais conta mesmo com inimigos ocultos,
capazes de levar seu esforço por água abaixo. Conheça quem são eles e
vire o jogo a seu favor.
Claro que fechar a boca e fazer ginástica é uma fórmula certeira para
manter a forma, mas nem sempre a dobradinha é suficiente para afinar a
cintura. Antes de desistir da sua meta de diminuir o manequim, saiba que
o caminho para emagrecer tem curvas que muita gente nem imagina e que
esbarram em questões ligadas à sua saúde. Aqui, você vai descobrir quais
são esses fatores e finalmente vencer sua batalha contra o peso.
1. Células inflamadas
Quem não vive sem pão francês, arroz, massa e açúcar, carne vermelha,
queijos amarelos e pratos industrializados demora mais para chegar ao
peso desejado, isso não é novidade. O problema é que, calorias à parte,
esses alimentos são inflamatórios, como avisa a nutricionista Roseli
Rossi, de São Paulo. "Incluí-los no cardápio de todo dia, mesmo em
pequenas quantidades, significa nutrir os adipócitos, células que
armazenam gordura", fala. Num mecanismo de autodefesa, eles acabam
produzindo adipocinas, substâncias com alto poder inflamatório que tomam
conta de boa parte das células do corpo e levam à formação da
indesejada gordura branca, aquela que acumula na barriga, no culote e no
bumbum.
A saída: coma mais peixes de água fria, como salmão,
atum, bacalhau e sardinha. Eles estão lotados de gorduras
poli-insaturadas, como o ômega 3, inimigo número 1 de inflamações. Para
reforçar esse exército anti-inflamatório, consuma também aveia, linhaça e
chia (semente riquíssima em nutrientes), além de maçã e leguminosas
(feijão, lentinha, grão-de-bico). Todos esses alimentos têm substâncias
com ação antioxidante e, como são ricos em fibras, diminuem a velocidade
de absorção do açúcar pelo sangue. Isso evita a produção excessiva de
insulina, o acúmulo de gordura e a inflamação das células.
2. Emoções descontroladas
Todo mundo já passou por isto: na hora da tristeza, do stress, da
dúvida ou da ansiedade, quando vem aquele nó na garganta, quase nada
funciona melhor para aliviar a angústia do que comer. Estudos sugerem
que nessas situações-limite, em que você está a um passo do descontrole,
o organismo ativa um gene que provoca a larica pelas comidas
engordativas. Nessas horas, você é capaz de fazer tudo por um docinho,
algo gordo ou simplesmente devora tudo o que tiver pela frente. Isso
acontece porque o açúcar e a gordura acionam o centro de recompensa do
cérebro, que libera dopamina e manda o baixo-astral embora no ato.
A saída: busque outras formas de atingir o centro de
recompensa do cérebro, que responde pelo prazer e pelo bem-estar, e de
aliviar a tensão. Malhar, meditar, se envolver em um hobby que a faça se
sentir bem e até transar são maneiras de se fazer feliz sem descontar
no peso.
3. Tireoide em pane
Essa glândula, localizada no pescoço, produz dois hormônios (T3 e T4)
que regulam o organismo - dos batimentos do coração ao trabalho do
intestino, o raciocínio e a força muscular. Outra glândula, a hipófise,
que fica na base do cérebro, secreta o TSH, que estimula a tireoide a
fabricar T3 e T4. Quando ela produz esses hormônios em quantidade
insuficiente, ocorre o hipotireoidismo, que deixa o corpo inteiro mais
lento, inclusive o metabolismo - daí a dificuldade para emagrecer. "A
doença também está relacionada à retenção de sal e água, que levam ao
famoso inchaço", observa a endocrinologista Carolina Mantelli Borges, de
São Paulo. "A mulher com hipotireoidismo ganha, em média, de 3 a 5
quilos em um ano."
A saída: "Um exame de sangue comum pode medir os
níveis de TSH no organismo. Se houver alteração, o médico indica fazer a
reposição hormonal", explica a endocrinologista. De maneira geral, o
controle do hipotireoidismo consiste em tomar diariamente um comprimido
com hormônio tireoidiano sintético, com dosagem orientada pelo
endocrinologista de acordo com os resultados do exame de sangue. "O
inconveniente é que o tratamento, na maioria das vezes, precisa ser
mantido por toda a vida para regular a tireoide e prevenir o retorno dos
sintomas", fala Carolina.
4. Stress demais
Quando a rotina de trabalho está alucinante, a relação não vai bem ou
as contas não fecham no fim do mês - ou, pior, tudo isso junto -, é bem
possível que quem acabe pagando o pato é o peso. Isso porque, nos
momentos de alta tensão, o organismo é bombardeado por cortisol,
adrenalina e noradrenalina, substâncias que levam ao acúmulo de gordura
corporal. Para piorar, elas derrubam o ritmo do metabolismo, o que
dificulta o gasto de energia. Fora que, no impulso de aplacar a tensão, é
comum cair de boca nos doces e nas comidas engordativas. E, com o corpo
trabalhando mais devagar, o resultado é conhecido: quilos extras na
balança.
A saída: em primeiro lugar, encontre a origem do seu
stress - o trabalho, o relacionamento, a falta de grana? Então, analise
formas de aliviá-lo, sabendo que provavelmente terá de fazer mudanças
no seu estilo de vida. Se não está malhando, não sabe o que está
perdendo: a atividade física é uma poderosa válvula de escape das
tensões, pois estimula a liberação de substâncias que aumentam o
bem-estar e melhoram o humor. Enquanto se exercita, a cabeça também fica
mais relaxada, o que favorece a reflexão sobre as questões que geram
preocupação. É experimentar para comprovar.
5. Pílula errada
A reação ao anticoncepcional é bem individual - algumas mulheres têm
queixas como ganho de peso, pele oleosa e alteração da libido depois que
começam a tomar, mas outras não sentem mudança alguma. Os especialistas
esclarecem que o principal vilão para quem reclama que engordou é o
estrógeno, hormônio presente em alguns medicamentos. Ele pode levar à
retenção de líquido (e não gordura) e dificultar a eliminação, o que
provoca inchaço e reflete na balança.
A saída: muitas vezes, é necessário experimentar
pílulas de marcas e dosagens diferentes até encontrar uma que combine
com você e não ofereça efeitos colaterais negativos. As mais modernas
costumam ter menos impacto sobre o peso do que as antigas, pois trazem
doses menores de estrógeno e, portanto, não causam tanta retenção
hídrica. Converse com seu ginecologista para conhecer as melhores
alternativas para você.
6. Alergia a alimentos
Não estamos falando de comidas que desencadeiam, pouco depois de
ingeridas, erupções na pele, coceira, cólicas... A alergia que faz
engordar acontece mais tarde: com o tempo, você nota que o ponteiro da
balança subiu sem motivo aparente. Isso acontece por causa da
imunoglobulina G, o anticorpo que ativa as células de defesa nos
processos alérgicos e provoca, como efeitos colaterais perversos, a
retenção hídrica e o armazenamento de gordura. Além disso, ocorrem
grandes flutuações na glicemia, a taxa de açúcar no sangue. Num piscar
de olhos, ela vai de alta para baixa. "Essa é a hipoglicemia, uma
manifestação de mau funcionamento do pâncreas, frequentemente causada
por alergia alimentar", diz Tamara Mazaracki, nutróloga do Rio de
Janeiro. O baixo nível de açúcar no sangue vem acompanhado de fraqueza,
fome, aí você precisa comer de novo...
A saída: "Ironicamente, os alimentos que temos
vontade de comer, em geral, são também os que mais provocam alergia",
alerta a nutróloga. Aqui os vilões são leite e laticínios, glúten (a
proteína do trigo), soja e ovo, além dos corantes presentes nos
alimentos industrializados. Se você se encaixa na descrição acima,
procure um nutricionista para identificar o alimento que provoca a
alergia. O suspeito deve sair do cardápio por 30 dias, tempo necessário
para que seu organismo fique livre dos efeitos negativos dele.
7. Sono ruim
A qualidade do seu descanso está diretamente ligada à ação dos
hormônios grelina (que diminui a sensação de fome) e leptina (que dá o
sinal de que você está saciada) no organismo. Quando você dorme bem e o
suficiente, ele produz mais leptina e menos grelina, o que mantém o
apetite sob controle. Se você passa a noite em claro ou dorme mal,
porém, a gangorra hormonal se inverte - sobe a grelina e desce a
leptina. Resultado: ataques de gula durante a noite que fica acordada e
no dia seguinte, o que inflaciona sua cota ideal de calorias.
A saída: não se obrigue a dormir oito horas toda
noite se você fica bem com menos, afinal, está mais do que provado que a
necessidade de sono varia de uma pessoa para outra. O que importa é a
qualidade do repouso, ou seja, dormir a noite inteira, acordar
descansada e render no dia seguinte. Para isso, algumas atitudes ajudam:
fazer atividade física, transformar o quarto em um lugar tranquilo e
gostoso, evitar café e muito tempo no computador perto da hora de ir
para a cama, por exemplo.
8. Hormônios desregulados
Não se sabe com certeza se é a síndrome dos ovários policísticos que
leva ao ganho de peso ou o sobrepeso que provoca a síndrome, mas é fato
que engordar sem razão (e ter dificuldade para emagrecer) é um dos
sintomas desse transtorno feminino. Para o ginecologista Domingos
Mantelli Borges Filho, de São Paulo, a explicação é que a síndrome
desregula os hormônios. "A mulher pode desenvolver resistência à
insulina", explica. Isso significa que o pâncreas passa a produzi-la em
maior quantidade para colocá-la dentro das células. E quanto mais
insulina sobrar na corrente sanguínea, maior é a fome e o sacrifício
para fechar a boca. "Para piorar, o aumento da insulina no sangue
desequilibra dois hormônios da hipófise, o LH e o FSH, responsáveis pelo
controle dos ovários, o que aumenta ainda mais o risco de ganhar peso",
acrescenta Domingos.
A saída: não existe cura para a síndrome, mas
tratamento, sim, que geralmente é por meio de pílula anticoncepcional
para corrigir o desequilíbrio hormonal. Desconfie do problema se, além
de engordar sem motivo aparente, a pele ficar mais oleosa, a menstruação
desregulada e você perceber o crescimento de pelos em lugares
esquisitos (como rosto, barriga e seios). Então, procure o seu
ginecologista, que vai confirmar o diagnóstico e apontar o tratamento
adequado.
Fonte: Revista saúde
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