segunda-feira, 24 de junho de 2013

Suplementar: eis a questão

Pesquisa recente evidencia que multivitamínicos derrubam o risco de câncer. Descubra se é hora de colocá-los na rotina.


Sem os níveis adequados de vitaminas e minerais percorrendo o organismo, a saúde fica pra lá de capenga. Simples assim. Por isso, a ideia de ingerir apenas uma cápsula por dia para garantir as quantidades mínimas recomendadas de vários micronutrientes é tão tentadora. Tem a vitamina C da laranja, o selênio da castanha, o cálcio do leite, o ferro da carne... Tudo ali, concentrado. Mas será que o hábito traz benefícios? Segundo cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, parece que sim. Pelo menos no que diz respeito à prevenção do câncer.

Eles lideraram uma grande investigação sobre multivitamínicos, com cerca de 14 mil médicos — todos com pelo menos 50 anos de idade —, ao longo de uma década. Na conclusão, apontaram que aqueles que consumiam suplementos tiveram uma redução de 8% no risco de desenvolver qualquer tipo de câncer. Isso significa que 1 379 homens que tomaram uma pílula inócua foram diagnosticados com a doença e, no grupo dos comprimidos cheios de nutrientes, os casos de tumores chegaram a 1 290.

Para o nutricionista Fábio Gomes, do Instituto Nacional de Câncer, o Inca, apesar dos resultados positivos, é preciso manter o pé atrás. “Até agora, a literatura científica nos mostra que suplementos não têm efeito protetor contra tumores. Logo, não devemos fazer recomendações baseados exclusivamente em um trabalho”, justifica.

Outro problema apontado pelo nutricionista é que as cápsulas são recheadas de vitaminas e minerais de ação antioxidante, responsáveis por combater os radicais livres e proteger as células. Complicou? Pois basta saber que, em doses elevadas, esses parceiros passam a agir como pró-oxidantes. “Ou seja, eles alteram o material genético e desregulam o ciclo celular, patrocinando o início do câncer”, descreve. Não à toa, muitas pesquisas com suplementos de nutrientes isolados — a exemplo de drágeas de vitamina E ou betacaroteno — chegaram a identificar um aumento na probabilidade de um indivíduo sofrer com tumores.

Agora, isso não é motivo para alarme. “Nos multivitamínicos, os nutrientes aparecem em doses menores ou iguais àquelas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde”, ressalta o médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, a Abran.

Seja como for, para não existir o mínimo risco de superdosagem, deve-se consultar um especialista. “Isso porque é preciso avaliar o consumo alimentar e outros parâmetros bioquímicos antes de recorrer aos multivitamínicos”, explica a nutricionista Silvia Cozzolino, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Afinal, se você consegue colocar no menu diário as cinco porções de vegetais — como frutas e verduras — preconizadas por órgãos de saúde, provavelmente nem precisa dos tais comprimidos.

O cenário, claro, faz parte do mundo perfeito da nutrição. A realidade não é tão animadora. “Segundo a última Pesquisa de Orçamento Familiar, há grande carência de vitaminas e minerais entre a população brasileira”, conta Ribas Filho. Resultado: maior perigo de infartar, desenvolver diabete, ter Alzheimer e por aí vai. Então, em casos de dieta desbalanceada, talvez os multivitamínicos sejam, sim, grandes aliados. Mas isso só um especialista é capaz de dizer.

O que falta no seu organismo?
A importância de procurar um médico ou nutricionista para analisar seu estado nutricional vai além de decidir pelo uso ou não do polivitamínico. É possível que o profissional perceba, por exemplo, que só sua ingestão de vitamina A está abaixo do indicado. Daí deve-se repor somente o que falta. “O errado é utilizar altas dosagens antes de realizar exames”, resume o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Abran.


Fonte: Revista saude - editora abril

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