quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

12 produtos do dia a dia que podem desregular seus hormônios

Você pode nunca ter ouvido falar em desreguladores endócrinos, mas com certeza já esteve diante de alguns deles. A ciência está descobrindo que produtos do nosso cotidiano, como esmaltes, televisão e até água encanada, escondem substâncias capazes de alterar o funcionamento do nosso corpo. "Disruptores endócrinos são compostos artificiais ou naturais que interferem na ação dos nossos hormônios e nos expõem a doenças", define Tânia Bachega, presidente da comissão que estuda o tema na Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). Hoje, há suspeitas sobre mais de 800 misturas químicas. "Elas estão na indústria e na agricultura e entram no corpo pela ingestão de água, de alimentos e pela respiração", diz a química Débora Santos, da Universidade Federal de Pernambuco. Os efeitos dos tais desreguladores podem demorar décadas para aparecer. E existem situações em que o problema só dá as caras nas gerações futuras.

Foi o que aconteceu com o dietilestilbestrol, remédio prescrito entre os anos 1940 e 1970 para gestantes. "Anos depois, as filhas das mulheres que o utilizaram desenvolveram câncer e infertilidade", conta o toxicologista Anthony Wong, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Só após 30 anos de uso e muitas vidas afetadas, sua venda foi proibida. Mas é provável que a ameaça não se restrinja aos fármacos. Que o ar que respiramos e a comida que engolimos também estejam "contaminados".

Uma pesquisa da entidade Environmental Working Group, especializada em saúde ambiental, apontou os 12 disruptores atuais mais perigosos.

Abaixo, você descobre quais são eles:

PBDE
Composto químico que evita que os equipamentos peguem fogo. É encontrado em eletrônicos, como celular, televisão e videogame, móveis, carpetes, colchões e alguns travesseiros. Podem causar distúrbios na tireoide, infertilidade feminina e problemas neurológicos em crianças. 


DIOXINA
Química presente em pesticidas como o DDT e no branqueamento do papel. Está relacionada a problemas como infertilidade, aborto, diabete, endometriose e déficits imunológicos. 


ATRAZINA
O herbicida é usado no controle de pragas de plantações de milho e cana-de-açúcar. Pode causar infertilidade e câncer. 


CHUMBO
O elemento químico encontrado em tintas, cigarro e água encanada pode estar por trás de distúrbios na tireoide. 


BISFENOL A
A substância é encontrada em alguns tipos de plásticos e revestimento de enlatados. O contato com ela está relacionado à produção de espermatozoides defeituosos, puberdade precoce, câncer, obesidade, diabete e doenças cardiovasculares. 


PERCLORATO
Encontrado em combustível de foguetes espaciais e na composição de fogos de artifício, pode causar distúrbios na tireoide. 


ARSÊNICO
O elemento químico está presente em pesticidas, alguns alimentos e água encanada. O excesso pode causar câncer de pele, bexiga, pulmões e alterações sexuais. 


MERCÚRIO
Presente em alguns peixes, frutos do mar e usinas de energia movidas a carvão, o metal está relacionado à redução do QI de crianças, problemas no ciclo menstrual e alterações no pâncreas. 


FTALATO
Esse grupo de compostos químicos pode ser encontrado em cosméticos, como esmaltes e perfumes, na pavimentação de ruas, cortinas de chuveiros, couro sintético e vinil. Pode causar anormalidades genitais, interferência em hormônios como testosterona e estrogênio e no desenvolvimento das mamas. 


QUÍMICOS PERFLUORADOS
Presentes em panelas antiaderentes, roupas, carpetes e capas de chuva podem causar distúrbios na tireoide e infertilidade.

COMPOSTOS ORGANOFOSFORADOS
Presentes em inseticidas, a química está ligada ao déficit de testosterona e problemas na gestação, como pré-eclâmpsia e até aborto. 


DIETILENOGLICOL
Esta substância encontrada em produtos de higiene pessoal e solventes industriais, pode estar ligada à redução na movimentação dos espermatozoides. 

Fonte: Revista Saúde

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Vacina da dengue pode chegar em 2015

vacina da dengue
Depois de vinte anos de pesquisa, um imunizante para os quatro tipos do vírus disseminado pelo mosquito Aedes aegypti surge para liquidar boa parte dos casos da doença

 
A cada minuto, uma pessoa no mundo é hospitalizada com sintomas da dengue. Já em um quarto de hora, é bem possível que um jovem morra em decorrência da doença pelo planeta. Esses dados assustadores são da Federação Internacional da Cruz Vermelha e dão uma ideia da gravidade do problema, que ameaça 40% da população global e é uma das maiores causas de morte nas regiões tropicais e subtropicais. A boa notícia é que falta (muito) pouco para esse cenário começar a mudar - inclusive no Brasil. A primeira vacina contra a dengue, desenvolvida pelo laboratório francês Sanofi Pasteur, está muito perto de ser aprovada pelas agências regulatórias de vários países. Depois do êxito em grandes estudos, a expectativa é que o produto esteja disponível para a população brasileira no final de 2015.
Os últimos resultados positivos do imunizante foram recentemente divulgados no periódico "The New English Journal of Medicine" e contemplam os achados de uma pesquisa realizada no Brasil e em outros países latino-americanos. Ela faz parte da fase final de estudos clínicos para validar o imunizante - que engloba análises de segurança e eficácia de três doses da fórmula em mais de 30 mil crianças e adolescentes da Ásia e da América Latina que moram em áreas endêmicas. Nas investigações com a faixa etária de 2 a 16 anos, a proteção contra casos sintomáticos chegou a 60,8%. Isso significa dizer que, para cada dez pessoas expostas à dengue, seis estariam imunes ao desenvolvimento da doença. Em relação aos casos mais graves (a chamada dengue hemorrágica), a proteção chegou a 95,5%. Além disso, houve uma redução de mais de 80% nas hospitalizações durante o estudo. "Essa vacina terá um impacto muito positivo na saúde pública, já que praticamente acabaria com as mortes por causa da dengue. Isso diminuiria, inclusive, os custos ao governo e aos planos de saúde em relação às internações", diz Sheila Homsani, gerente do departamento médico da Sanofi Pasteur. Será um reforço para erradicar (ou minimizar) o que muitos brasileiros presenciaram no ano passado: hospitais lotados, fila de espera, falta de leito e atendimento adequado para os infectados...

Eficácia comprovada

Foram mais de vinte anos de pesquisa até se chegar ao resultado esperado. A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), Isabella Ballalai, explica que toda vacina demora, no mínimo, dez anos para ficar pronta. "Além de muito tempo de pesquisa, há uma obrigatoriedade para segurança que exige um mínimo de 20 mil pessoas envolvidas nos testes para que se comprove a eficácia", esclarece. Em relação à vacina da dengue, houve um agravante: era preciso achar um imunizador tetravalente, ou seja, que protegesse contra os quatro principais sorotipos do vírus.
Depois de testadas em pessoas de 2 a 60 anos em todo o mundo, os últimos estudos foram direcionados para as faixas etárias mais suscetíveis às complicações da doença. Na avaliação da América Latina, que envolveu Brasil, Honduras, México, Colômbia e Porto Rico, foram 21 mil participantes de 9 a 16 anos acompanhados durante 25 meses após a imunização. "Nós dividimos essas pessoas em três grupos: dois tomavam três doses da vacina e um tomava a mesma quantidade de uma solução de água e sal, só que ninguém sabia se estava tomando a fórmula de verdade. Quando avaliamos as reações adversas dos três grupos, constatamos que não houve diferenças significativas entre eles", conta Sheila. Essa divisão é importante para atestar a segurança, uma vez que a vacina tem o vírus atenuado da dengue. É a garantia de que a pessoa vacinada não terá febre, dor no corpo e nas juntas, vômitos e outros sintomas típicos da dengue.
O número mínimo de doses necessárias para a imunidade foi baseado em estudos que medem a produção de anticorpos dos vacinados, como explica o infectologista e diretor do Núcleo de Doenças Infecciosas da Universidade Federal do Espírito Santo, Reynaldo Dietze: "Após a primeira dose, observamos que a quantidade de anticorpos caía após seis meses. Depois de um reforço, o mesmo acontecia. Na terceira dose, os anticorpos ficavam estáveis", conta o médico, que participou do estudo e continuará acompanhando a evolução das pessoas imunizadas até 2018. "Precisamos seguir essas pessoas por esse tempo para ver se adoecem ou não e quando precisarão de uma nova dose", completa Dietze.  

Será o fim da dengue?

A vacina se apresenta como uma luz no fim do túnel num país como o Brasil. Os últimos dados do Ministério da Saúde revelam que quase dois milhões de pessoas tiveram dengue sintomática no período de janeiro de 2013 a outubro de 2014. Os óbitos passaram de mil. Por isso, além da empresa francesa, muitos pesquisadores brasileiros estão em busca de alternativas de prevenir a epidemia e devem chegar com resultados positivos nos próximos anos. O Instituto Butantan fez parceria com o National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos e está testando outro modelo de vacina. A Universidade Federal de Minas (UFMG) também desenvolve um medicamento com financiamento público. Já a Universidade de São Paulo (USP) começou os testes com um pequeno grupo de voluntários em 2014.
O engajamento é motivado pela consciência de que assim que uma vacina chegar por aqui já pode reverter o cenário crítico e, mesmo que ela seja direcionada a um grupo de pessoas, é possível chegar a um quadro que os especialistas chamam de "imunização em massa". A explicação disso está na própria maneira que se dá a transmissão do vírus da dengue. A fêmea do mosquito Aedes aegypti pica uma pessoa infectada e carrega o vírus consigo até achar uma nova vítima. O agente transmissor vive em torno de um mês e não voa mais do que 3 km. Esse é o período e a distância que a fêmea tem para picar uma pessoa infectada. "À medida que você vai vacinando a população, mesmo que só parte dela, aquilo vira um verdadeiro quebra-cabeça para o mosquito. Ele não consegue encontrar alguém com o vírus", explica Dietze.

Os próximos passos

A Sanofi já conta com uma fábrica recém-inaugurada na região francesa de Neuville-sur-Saône dedicada somente à produção do seu imunizante. O processo de submissão do dossiê para aprovação da vacina pelas agências regulatórias acontece nesse primeiro trimestre. Aqui no Brasil, o registro e aprovação da imunização cabem à ANVISA (Agência de Vigilância Sanitária), bem como as indicações de bula e o grupo que deve ser vacinado inicialmente. Por causa de todas essas definições em aberto, a empresa ainda não consegue dizer se a vacina será distribuída somente no sistema privado ou público e qual o preço das doses. "A gente está na torcida pela rápida aprovação", conta Sheila.  Vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como meda a redução da morbidade (pessoas portadoras da doença) da dengue em pelo menos 25% e da mortalidade em 50% até 2020, o que deve acelerar a aprovação da vacina.
Enquanto ela não vem, você pode continuar fazendo a sua parte. "Eliminar o mosquito é uma tarefa árdua e merece toda a atenção do Ministério da Saúde e do governo, mas é importante reforçar que cada cidadão tem um papel nisso", alerta a especialista da SBIM. Por isso, mesmo com a chegada iminente da vacina, continuam valendo as medidas básicas para eliminar os criadouros do vetor da doença, como cobrir ou furar pneus, usar areia grossa em pratos e vasos de flores, não deixar lixo em vasilhames que possam acumular água, virar garrafas vazias de boca para baixo e tampar caixas d’água.

Fonte: Revista Saúde

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

WH Brasil adverte: você pode ser uma viciada em café

CaféQuem nunca tomou um cafezinho para dar uma sacudida no começo da manhã, para se manter acordada ou para ficar mais concentrada?
Os números revelam que no Brasil ele reina. O estudo mais recente da Associação Brasileira da Indústria do Café revela que o brasileiro toma em média 80 litros da bebida ao ano. Mas, ao levar em consideração que muitos outros alimentos e até medicamentos contêm cafeína em sua composição, o consumo da substância sobe expressivamente.
Hoje é possível encontrar cafeína nas mais diversas variações de café, em chás, em bebidas energéticas e à base de cola, em suplementos e até em analgésicos e inibidores de apetite. Quem acha que está escapando da substância ao consumir a versão descafeinada se engana. Uma xícara de 50 ml tem de 0,45 a 0,90 mg de cafeína. Tudo bem, a quantidade é muito menor se comparada à versão tradicional (um expresso tem 50 mg), mas não é zero. Médicos explicam que é impossível retirar toda a cafeína do grão.
Muita gente nem imagina, mas chocolate, balas, gomas de mascar e outros alimentos também podem conter a substância. Nos EUA, a adição da cafeína em alimentos é alvo de investigação da Food and Drug Administration (FDA) desde o ano passado. O órgão manifestou preocupação após empresas incluírem a substância em guloseimas que podem ser atrativas a crianças e adolescentes, como chiclete e marshmallow. Na terra do tio Sam, é possível encontrar também sementes de girassol, aveia e até waffles turbinados com ela. As empresas que comercializam esses alimentos destacam nas propagandas que uma porção tem mais cafeína do que uma xícara de café. "Numa sociedade como a nossa, em que todos parecem ter a sensação de que um dia não basta, esse estimulante surge como a droga lícita mais eficaz. É como se baldes de cafezinho pudessem prolongar o dia útil em algumas horas", avalia o nutricionista esportivo Rodolfo Peres, de Londrina (PR).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não informa a quantidade de cafeína que uma pessoa pode ingerir, alegando que as evidências científicas não permitem estabelecer tal referência. Mas avaliações de outros países afirmam que o parâmetro seguro fica entre 300 e 400 mg por dia. Quanto você precisaria ingerir de café para atingir esse limite? O médico Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, responde: de quatro a seis xícaras de café de 50 ml. Lembrando que a quantidade de cafeína depende do tipo e do tamanho da xícara de café utilizada.

Meu bem, meu mal

A nutricionista gaúcha Tatiana Galdino, mestre em gerontologia biomédica, explica que a cafeína, por ser um estimulante, atua sobre o sistema nervoso central, favorecendo o estado de alerta e a concentração, além de melhorar o humor e a memória. A capacidade para a prática de atividade física também é influenciada pelo consumo dela, que, além de diminuir a fadiga durante os exercícios, auxilia no processo de redução de gordura corporal.
O maior problema, aponta a nutricionista esportiva catarinense Thayse Stapassoli, especialista em nutrição ortomolecular, é que a cafeína também pode ser encontrada em refrigerantes, chocolates, sobremesas e doces. "O conteúdo calórico desses alimentos e bebidas supera o pouco efeito da substância na perda de peso. Além disso, se aquela xícara de café ou chá vem acompanhada de chantilly e biscoitos, as calorias se superam e os efeitos positivos - como acelerar o metabolismo - acabam sendo eliminados."
Após a ingestão, o caminho da cafeína no organismo é bastante rápido. Ela demora somente alguns minutos para ser absorvida pelo estômago e pelo intestino. Depois, cai na corrente sanguínea e chega ao mesmo tempo a todos os órgãos. Seus efeitos podem ser sentidos em cerca de 20 minutos, atingem o pico uma hora e meia após a ingestão e, depois de cerca de quatro horas, praticamente não existe mais nenhum efeito, quando é metabolizada e eliminada pelos rins.

Pretinho Básico

amenic181/ThinkStock/Getty Images 
É praticamente impossível falar sobre a cafeína sem mencionar o café, considera Tatiana. Alguns estudos demonstram vários benefícios dele para a saúde. Dados epidemiológicos apoiam a visão de que o consumo ocasiona menor risco de doenças como Parkinson e Alzheimer, um efeito favorável sobre a função hepática (minimizando o risco de desenvolver esteatose hepática, conhecida como "fígado gorduroso"), um possível papel na perda de peso (em função da atividade termogênica) e uma diminuição do risco de desenvolver certos tipos de câncer (endométrio, próstata, colorretal e fígado).
Estudos ainda mostram que o consumo de café tem uma associação significativa com a diminuição do risco de diabetes tipo 2. A ingestão da bebida também foi inversamente associada com a mortalidade, com o menor risco naqueles que consomem de duas a quatro xícaras por dia. O médico Luiz Antonio Machado César, do Instituto do Coração (InCor), de São Paulo, cita um estudo americano que associa o consumo do café à menor chance de derrame cerebral.
Entre adultos saudáveis, a moderada utilização de uma dose diária de 300 mg não esteve ligada a efeitos adversos. Mas outras análises mostraram que a cafeína, quando utilizada isoladamente, promove uma piora na tolerância à glicose.

Aliada de atletas

O educador físico André Lopes, do Rio Grande do Sul, lembra que o uso de cafeína em atividades esportivas hoje é permitido, mas já foi proibido pelo Comitê Olímpico Internacional, sendo considerado doping. Ele ressalta que a substância tem sido sugerida como um recurso bastante interessante no processo de desempenho de atletas. "Na dose apropriada, ela pode ser uma aliada para elevar a performance e fazer o metabolismo acelerar, utilizando assim mais energia no momento do exercício", observa a nutricionista Danielle Milhão, de Porto Alegre, especialista em nutrição atlética e alto rendimento. Se o objetivo for aumentar a massa muscular, o uso antes da academia também pode auxiliar na evolução no treino de hipertrofia por facilitar a contração muscular. Em atividades físicas que requerem muita concentração (luta, musculação), deve-se ter bastante cautela com a dosagem, pois em excesso pode causar uma agitação excessiva e atrapalhar a qualidade do exercício.
Tatiana acrescenta que a substância altera os níveis de neurotransmissores no cérebro, bloqueando químicas que levariam a atleta ao cansaço mais rapidamente, conferindo uma sensação de alerta permanente. Além disso, os benefícios fisiológicos também podem estar relacionados ao fato de a cafeína estimular a liberação de gordura na corrente sanguínea. Pode ser que o aumento do nível de ácidos graxos no sangue permita que os músculos usem a gordura como combustível e poupem o glicogênio (fonte de carboidrato do organismo), o que facilita o exercício.
Mas o nutricionista Rodolfo Peres recomenda o uso moderado de cafeína, principalmente antes da prática de atividade física. "Observo pessoas usando cafeína para compensar uma noite maldormida. Isso pode trazer a fadiga muscular, pois o estado de alerta que atua no sistema nervoso central não compensa a falta de recuperação gerada pelo descanso."

Entenda os Riscos

Experts também alertam: a cafeína é uma droga que pode causar dependência física e psicológica, uma vez que estimula o cérebro a utilizar os mesmos mecanismos de anfetaminas, cocaína e heroína. "Os efeitos dela obviamente são mais leves. É por isso que algumas pessoas que consomem regularmente café, quando não tomam sua dose diária, tendem a ficar mais irritadas, ansiosas e com dor de cabeça", diz Tatiana.
Todo mundo deve conhecer uma pessoa que relatou ter consumido cafeína durante a noite e teve dificuldades para dormir. Qual a razão para que isso ocorra? A neurologista Dalva Poyares, do Instituto do Sono de São Paulo, explica que ela pode aumentar o número de microdespertares que normalmente ocorrem durante o sono. Ela inibe a substância adenosina, que, ao se acumular durante o dia, proporciona proteção ao sono. E, quando é bloqueada, tende a aumentar a vigília. A cafeína pode alterar os estágios do sono na primeira parte da noite, e ele não será tão tranquilo.
Estudos mostram que, além de deixar a pessoa mais alerta, a substância provoca taquicardia, o que tende a levar a uma dificuldade para adormecer. Mas os problemas para quem sofre de insônia podem ser ainda maiores, como esquecimento, aumento de pressão e outros problemas cardíacos.
Para a nutricionista gaúcha Ana Carolina Bragança, mestre em gastroenterologia e hepatologia, os alimentos ricos em cafeína devem ser ingeridos durante o período diurno. A partir das 16 horas, o cérebro começa lentamente a diminuir sua atividade. Se o consumo for após esse horário, há chances de problemas para dormir. Mas nem todo mundo tem tendência à insônia - algumas pessoas são mais suscetíveis a alertas.
Por outro lado, relata Dalva, se alguém tem uma dependência a essa substância, pode ter dificuldades para dormir se não consumi-la.
É muito comum observar pessoas usando cafeína após uma noite maldormida. Porém Danielle observa que esse estimulante apenas mascara o cansaço. Se o problema for a falta desono, ele ajuda a passar bem o dia, mas os distúrbios hormonais que a privação de uma noite bem dormida pode acarretar, nenhum estimulante soluciona.
O médico Darcy Lima, que pesquisa os efeitos do café na saúde humana há mais de duas décadas, orienta que pessoas com qualquer doença gástrica ou cardiovascular e transtornos de ansiedade não usem cafeína. Mulheres gestantes ou que estejam amamentando também devem evitá-la.
A nutricionista Rita Cherutti, de Porto Alegre, alerta que a substância em excesso pode trazer malefícios como qualquer outro composto químico, como irritabilidade, agitação, ansiedade, dor de cabeça, problemas estomacais, palpitações, arritmias cardíacas, diarreia, desidratação e vômito. Nas dosagens tóxicas, pode causar até a morte. Por isso, a ordem é: consuma com moderação.

Cafeína e medicamentos

Há no mercado medicamentos com cafeína na composição, principalmente contra dor de cabeça e gripe. Segundo a farmacologista Patrícia Medeiros, da Universidade de Brasília (UnB), a substância age como analgésico.
Além das pessoas com problemas de pressão alta, que devem evitar a cafeína, quem tem asma e toma broncodilatadores, que aumentam o sistema de alerta, deve manter distância de remédios com essa substância para que não haja um estímulo ainda maior. O mesmo ocorre a quem faz tratamento para cólicas (com medicamentos da família da escopolamina). A mistura é capaz de fazer o coração bater mais rápido e estimular o cérebro. Todos os produtos para emagrecimento também aumentam o batimento cardíaco. Por isso, deve-se evitar a associação com cafeína.
Pessoas em tratamento para pneumonia e infecção urinária com quinolona não devem ingerir cafeína nem na forma de alimento, alerta Dalva Poyares.
Ao fazer uso do remédio com café, por exemplo, é como se a quantidade consumida fosse multiplicada. Entre os sintomas estão agitação e taquicardia.

Cafeína com moderação

A nutricionista Tatiana Galdino dá um exemplo de como consumir cafeína com moderação. Vale lembrar que para os cálculos foram adotados os menores valores (em mg) encontrados em cada porção dos alimentos abaixo.
1. Café da manhã
Café coado: 1 xícara de 100 ml (40,5 mg de cafeína)
2. Almoço
Ice Tea (chá gelado): 1 copo de 300 ml (23 mg de cafeína)
Café expresso: 1 cafezinho de 30 ml (50 mg de cafeína)
3. Lanche da tarde
Cappuccino (com um shot de expresso): 1 taça média de 150 ml (50 mg de cafeína)
Total: 301,5 mg de cafeína